Por Lissânder Dias*
A Bíblia talvez seja o livro que mais valoriza o meio ambiente. A começar pelo relato da Criação. Deus é um poeta que belamente, e sem pressa, relata a formação de sua obra (terra, animais, plantas e a humanidade). Mas não para aí. Se continuarmos lendo a história da relação de Deus com o ser humano, vamos perceber que a terra não é inimiga, mas sim aliada dos propósitos de Deus: é a benção que Deus escolhe para sinalizar a fidelidade de sua promessa; ela proclama a glória divina; e é a terra que materializa os sonhos escatológicos do povo que caminha em direção à “terra prometida”.
Do fim ao começo
“Haja luz”, e houve luz.
Simples palavras, grandiosa criação
A voz do Criador faz existir do caos a vida
A voz do Criador faz singela a poesia
Tudo foi tomando seu lugar
Tudo foi assentando-se no balé das cadeiras
Do ritmo da vida: manhã, tarde e noite
Trabalho, descanso e prazer
Assim o Criador revelou-se pela primeira vez:
poeta, desenhista, pintor, ritmista
Sem pressa, sem ansiedade
Apenas com cuidado, zelo e contentamento
É verdade, viriam dias em que a tristeza alcançaria a Criação
Mas, por enquanto, vale mais o olhar de adoração
Vale mais a sombra do Altíssimo acolhendo
Cada planta, cada animal, cada pedaço da terra
Cada ser humano, homem e mulher
Não há tempo para imaginar comparações
Não há espaço para o poder egoísta
Não há pretensões por uma verdade separada do Verbo
Há apenas a criação e o Criador.
Nada mais importa.
Expulsos do jardim, errantes no mundo,
Choramos e sonhamos pela volta, pelo retorno para casa
Naquele tempo, Deus passeava conosco no fim da tarde
Naquele tempo, não havia Babel
Naquele tempo, a terra era aliada, não inimiga
O prazer de viver era maior do que o medo de morrer
Para chegar ao destino certo é preciso voltar ao início
E Gênesis é o começo de tudo.
*Lissânder Dias é editor do Portal Ultimato e colaborador na área da comunicação da RENAS