Nota de pesar ao benevolente Dr. Alberto Corraza, dos seus amigos da AEB

Nota de pesar ao benevolente Dr. Alberto Corraza, dos seus amigos da AEB
07/07/2021 Beatriz Cutrim

“Alberto Corazza foi amigo e irmão querido.
Cultivamos uma longa e próxima amizade que durou mais de 70 anos.
Na juventude na Igreja Metodista Central e posteriormente na AEB quando foi Vice-Presidente. Nosso relacionamento foi marcado pelo companheirismo, lealdade e ideais comuns. Que o Pai Celeste enxugue as lágrimas da esposa Helga e de sua filha Aida.”

– Paulo Soares Cintra

“Meus pensamentos agora estão para a família do meu querido amigo Alberto Corazza Junior . Deus o chamou. Um abraço fraterno para Helga, sua filha Aida, sua neta (na foto) e genro. E todos os queridos familiares, sobrinhos, cunhada, enfim todos os nossos queridos.
Será tenor e regente de coro no Céu. Não precisará ditar boletins de ocorrências, nem palestras sobre os malefícios das drogas. Era delegado aposentado da polícia civil – após uma carreira de destaque, reconhecida pela Imprensa, Políticos e colegas. E claro pela comunidade dos irmãos.
Foi na música sacra, no comando de corais como regente que ele mais se destacou, dando uma contínua contribuição de vida.

Sua história se liga com a nossa família.
Primeiro que quando servia o Exército em Quitauna, no 4o RI, seu comandante logo identificou um talento para a música. Ao cantar o hino nacional, percebeu que Corazza se destacava pelo timbre forte e a perfeita afinação.
O capitão lhe perguntou: “Onde você aprendeu a cantar assim, soldado?” Ele respondeu: “Na igreja, senhor. Participo do Coral da Igreja Metodista da Vila Mariana.” Ao que o oficial retrucou: “Então você vai estudar com meu irmão. Você vai ser regente de coro.”

Era o Capitão Walter Faustini – meu pai – indicando que o jovem soldado deveria ter aulas de regência com Joao Wilson Faustini , que acabara de voltar dos Estados Unidos se aperfeiçoando na lide musical sacra. Fins da década de 50.
A partir desse início de carreira como regente, nossas vidas se cruzariam algumas vezes.
Primeiro que logo após se tornar regente, Corazza veio substituir meu tio na condução do Coral da Catedral Evangélica de São Paulo. Era a minha igreja, e logo fui integrar o coral. Fins da década de 60.

Alguns anos depois, eu estava na Coordenação dos alunos do Objetivo, e Di Genio valorizava as atividades extra-classe. Já tínhamos o FICO – Festival Interno do Colégio Objetivo, e dei a ideia de montarmos um coral com os alunos. Chamamos Corazza para vir reger o Coral do Colégio Objetivo (COCO). Claro que os trocadilhos faziam parte do pacote. A cena mais hilariante aconteceu na apresentação do FICO em que o COCO teve a oportunidade de se apresentar.

Corazza de costas para o público se entusiasmou com a batuta nos primeiros acordes, e ao movimentar seu corpo, forçou a costura de sua calça, deixando um rasgo enorme na parte mais indecente. Logo improvisamos uma blusa que ficou amarrada pela barriga disfarçando a avaria. Ao terminar a audição, os alunos agradeceram e vibraram com enorme aplauso. Meados da década de 70.
Como delegado, na seccional de Santo Amaro, resolveu um caso espetacular de uns roubos que aconteciam em casas do Morumbi. O meliante logo foi identificado e preso, e Corazza se destacou na mídia. Como bom comunicador e uma agenda séria de compromisso com a legalidade e a cidadania, saiu candidato a Deputado Estadual fazendo dobradinha com Gióia Junior. Mas não alcançou votação suficiente. Ajudei em sua campanha. Início da década de 80.
Em meados dos anos 90, Corazza era requisitado para dar palestras. Coordenava no Denarc o esforço de educação, conscientização e esclarecimento aos jovens, sobre os perigos das drogas. Um trabalho difícil – parecia enxugar gelo – mas no fundo tinha seus frutos.

Já no início dos anos 2000, foi para Santos, e lá também foi responsável por uma atuação destacada. A então deputada Telma de Souza do PT discursou na Câmara Federal elogiando sua atuação ao desvendar o sequestro do bebê Filipe, após mais de ano, fazendo a criança retornar ao seu lar verdadeiro.
Almoçamos nessa época no Sujinho – aqui em São Paulo, após uma visita sua à AEB – Associação Evangélica Beneficente, onde atuava como Diretor. Nos últimos tempos, insisti com ele para que me avisasse quando estivesse em São Paulo. Queria muito que ele viesse visitar a Catedral onde havia atuado, pois havíamos realizado um convênio com a USP e a Fundação Mary Harriet Speers. Hoje, tem-se no templo um dos mais modernos e belos órgãos de tubo em atuação no Brasil. Trata-se de um Grenzing com mais de 3.400 tubos de metal.

No ano passado liguei para ele logo cedo no dia do seu aniversário. Como ele estava ainda meio adormecido custou para identificar minha voz e compreender que era ele quem fazia anos. Logo estávamos rindo e colocando as novidades em dia.

Sua personalidade era forte, mas tinha um jeito muito sensível e humano. Sempre com muita fé, superou as adversidades e lutas. Deu exemplo, testemunho de fé, e impactou a vida de muitos. É lembrado com carinho por todos que o conheceram.
RIP Corazza. Que belo viver.”

– Volney Archero Faustini